Wednesday, March 23, 2005

3º Dia de férias

Acordo e continuo na cama saboreando as minhas férias. Depois começa o barulho que se ouve pela rua toda do berbequim do vizinho. O som está tão próximo do quarto que parece que vai furar o tecto. Saiu da cama mais cedo do que eu queria por causa do barulho
O barulho persiste ao longo da manha. Vou para o computador mas não me apetece mexer no flash outra vez e não está ninguém on-line. A mulher-a-dias está a limpar a cozinha com um detergente cujo cheiro me enjoa. Tal como o sabor do baton que não me sai da boca mas que eu preciso.
O almoço é os restos do jantar de ontem. O barulho parou para almoçar.
O barulho continua. Não consigo ver televisão nenhuma sem os auscultadores, e mesmo com eles… não há prazer… já ontem o dia foi assim…
Apetece-me fazer o meu bolo favorito: bolo de bolacha. Vou a ver… não tenho dinheiro para comprar os ingredientes…
A Sara que ir ao blockbuster. A ideia agrada-me, mas ao refazer a ideia percebo que o filme tem que ser ao gosto dela (12 anos) e desisto disso.
A Cláudia pede-me para limpar o pó da sala. A sala tem muitos móveis. E não vale a pena por música enquanto trabalho porque não a vou conseguir ouvir.
O barulho ouve-se pela rua toda…
Como umas bolachinhas de água e sal com geleia de ginja que são sempre boas. Não hoje… o barulho é demasiado incomodativo…
Escrevo posts, como este, já que não tenho mais nada para fazer…
A Cláudia vem lembrar-me do pó da sala…
Ela sai para ir à blockbuster e eu fico na sala a fazer o tal dever. O cheiro do pronto enjoa-me... E não, não estou grávida…
Hás dias que era melhor sair de casa…

Texto para ler

Depois de algum tempo aprendes a diferença, a subtil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E aprendes que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança.
E começas a aprender que beijos não são contratos, e presentes não são promessas...
E não importa o quão boa seja uma pessoa, ela vai ferir-te de vez em quando e precisas perdoá-la por isso.
Aprendes que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobres que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que podes fazer coisas num instante, das quais te arrependerás pelo resto da vida.
Aprendes que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
E o que importa não é o que tu tens na vida, mas quem tens na vida. (...)
Descobres que as pessoas com quem mais te importas na vida, são tiradas de ti muito depressa; por isso, sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vemos. (...)
Aprendes que paciência requer muita prática. (...)
Aprendes que quando estás com raiva tens o direito de estar com raiva, mas isso não dá o direito de seres cruel.
Aprendes que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém.
Algumas vezes, tens que aprender a perdoar-te a ti mesmo. Aprendes que com a mesma severidade com que julgas, tu serás em algum momento, condenado.
Aprendes que não importa em quantos pedaços teu coração foi partido, o mundo não pára para que o consertes.
E, finalmente, Aprendes que o tempo, não é algo que possa voltar para trás.
Portanto, planta teu jardim e decora tua alma, ao invés de esperar que alguém te traga flores.
E percebes que realmente podes suportar... que realmente és forte, e que podes ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.
E que realmente a vida tem valor, e que tu tens valor diante da vida! (...)
E só nos faz perder o bem que poderíamos conquistar, o medo de tentar!

William Shakespeare

Friday, March 04, 2005

2º Semestre

E é sexta-feira de noite, e tenho o meu cabelo mais curto do que à uma semana atrás, molhado e embrulhado numa toalha. A primeira semana do segundo semestre acabou… Estou mais confiante. Já tenho uma noção do que me espera e as matérias, e professores, parecem ser melhores, mais interessantes… e também sinto-me mais confortável quanto ao futuro.
Confesso-vos que o medo de descobrir que este curso não era o meu ainda me assombrava… mas com estas novas matérias, e novos livros para ler, esse medo começa a dissipar-se…
Perdi uma colega no caminho, que se mantém minha amiga, fortaleço amizades que eram ainda bebés no primeiro semestre, e reaprecio as aventuras na cantina e a beleza de Lisboa que está a passos de distância…
Este principio de semestre até está simpático…

Ainda pasma...

Hoje uma amiga minha foi roubada no meio de uma aula de desenho. Aula de professor, aula a sério. Notou que a sua mala estava desaparecida quando começamos a arrumar para sairmos.
Ela tinha deixado a mala, tal como eu, numas mesas que estão encostadas a uma das paredes, que normalmente utilizamos para esse efeito. E nós, nessa aula, estávamos a desenhar de costas para essas mesas, a +/- um metro delas, eu ao lado dela.
O pasmo dela foi o mesmo que o meu… ela foi roubada mesmo nas costas dela, a um metro dela, dentro de uma aula… como pode uma pessoa estar atenta a isso? Atenta a uma mulher que entra, fica parada, mas que sai levando uma mala a mais?
Houve vários factores que ajudaram neste roubo. Primeiro, o facto de as portas da sala estarem abertas, tanto para o professor chegar a todos os alunos com mais facilidade, como para outros alunos terem acesso aos trabalhos que estão por lá guardados. Por outro lado a nossa concentração no objecto a ser desenhado, em todos os seus pormenores e sombras, juntamente com a sensação de segurança vinda do secundário, faz com que só nos lembra-mos da mala quando ela tem algo que precisamos ou quando o telemóvel toca.
Lembro-me do tempo durante a aula. De eu ver o trabalho dela ao meu lado e tentar aprender com ele, da minha falta de vontade para desenhar, do “medo” de termos o professor a passar por nós e olhar para o nosso desenho. Nunca em milhões de anos nos passaria pela cabeça que as nossas malas, à distância de um braço, pudessem desaparecer, bem atrás de nós.
Chocou-me não só pela lata de quem roubou, mas também porque esta foi a vez que um roubo teve mais perto de mim. Tenho a sensação que isso aconteceu a mim, e não ela… Eu que passeio pelas ruas desertas e nocturnas do Cacém com uma certa confiança, fiquei assustada com este caso… foi-me tão próximo.
O pior é que eu vi a “suspeita” do crime. Uma mulher, com ar de estudante de várias licenciaturas, que ficou parada na porta a ver o professor. Não fui a única que pensou que ela queresse falar com o professor. Mas não foi isso que ela quis. E ela saiu da escola, levou uma mala grande e de bombazine. Pelo o que nos contaram, foi de muito longe sua primeira vez… Desconfiamos dela porque as descrições vindas de outros roubos encaixam nela…
E as nossas queixas foram em vão, e o segurança não tem poder para fazer nada, e o concelho directivo fecha às quatro…
É incrível o como ficamos impotentes perante algo tão cobarde…

Tuesday, March 01, 2005

Ódio?

Ódio por ele? Não... Se o amei tanto,
Se tanto bem lhe quis no meu passado,
Se o encontrei depois de o ter sonhado,
Se à vida assim roubei todo o encanto...

Que importa se mentiu? E se hoje o pranto
Turva o meu triste olhar, marmorizado,
Olhar de monja, trágico, gelado
Como um soturno e enorme Campo Santo!

Ah! nunca mais amá-lo é já bastante!
Quero senti-lo d’outra, bem distante,
Como se fora meu, calma e serena!

Ódio seria em mim saudade infinda,
Mágoa de o ter perdido, amor ainda.
Ódio por ele? Não... não vale a pena...


Florbela Espanca