Friday, March 04, 2005

Ainda pasma...

Hoje uma amiga minha foi roubada no meio de uma aula de desenho. Aula de professor, aula a sério. Notou que a sua mala estava desaparecida quando começamos a arrumar para sairmos.
Ela tinha deixado a mala, tal como eu, numas mesas que estão encostadas a uma das paredes, que normalmente utilizamos para esse efeito. E nós, nessa aula, estávamos a desenhar de costas para essas mesas, a +/- um metro delas, eu ao lado dela.
O pasmo dela foi o mesmo que o meu… ela foi roubada mesmo nas costas dela, a um metro dela, dentro de uma aula… como pode uma pessoa estar atenta a isso? Atenta a uma mulher que entra, fica parada, mas que sai levando uma mala a mais?
Houve vários factores que ajudaram neste roubo. Primeiro, o facto de as portas da sala estarem abertas, tanto para o professor chegar a todos os alunos com mais facilidade, como para outros alunos terem acesso aos trabalhos que estão por lá guardados. Por outro lado a nossa concentração no objecto a ser desenhado, em todos os seus pormenores e sombras, juntamente com a sensação de segurança vinda do secundário, faz com que só nos lembra-mos da mala quando ela tem algo que precisamos ou quando o telemóvel toca.
Lembro-me do tempo durante a aula. De eu ver o trabalho dela ao meu lado e tentar aprender com ele, da minha falta de vontade para desenhar, do “medo” de termos o professor a passar por nós e olhar para o nosso desenho. Nunca em milhões de anos nos passaria pela cabeça que as nossas malas, à distância de um braço, pudessem desaparecer, bem atrás de nós.
Chocou-me não só pela lata de quem roubou, mas também porque esta foi a vez que um roubo teve mais perto de mim. Tenho a sensação que isso aconteceu a mim, e não ela… Eu que passeio pelas ruas desertas e nocturnas do Cacém com uma certa confiança, fiquei assustada com este caso… foi-me tão próximo.
O pior é que eu vi a “suspeita” do crime. Uma mulher, com ar de estudante de várias licenciaturas, que ficou parada na porta a ver o professor. Não fui a única que pensou que ela queresse falar com o professor. Mas não foi isso que ela quis. E ela saiu da escola, levou uma mala grande e de bombazine. Pelo o que nos contaram, foi de muito longe sua primeira vez… Desconfiamos dela porque as descrições vindas de outros roubos encaixam nela…
E as nossas queixas foram em vão, e o segurança não tem poder para fazer nada, e o concelho directivo fecha às quatro…
É incrível o como ficamos impotentes perante algo tão cobarde…

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